“Os labirintos que cria o tempo se desvanecem” (Federico García Lorca).
Por Ari de Oliveira Zenha
O princípio democrático que norteia as sociedades capitalistas atuais tem um significado de construção e atuação dentro de um espaço nacional onde existe um pseudo pluralismo para se fazer possível manter a ordem social dentro dos parâmetros do capital.
Isto não significa que não seja importante e possível intervir, superar, aprofundando e ampliando, as estruturas do Estado democrático capitalista, mesmo dentro destes estreitos limites democráticos que foram conquistas históricas das lutas entre as classes que compõem a estrutura do modo de produção capitalista.
O pensamento liberal/neoliberal no seu desenvolvimento para e pelo capital, assumiu, para si, a roupagem democrática como orientação e tendência frente às imposições da realidade política e econômica vivida nas sociedades.
Os Estados democráticos atuais, atuando sob a hegemonia do pensamento liberal/neoliberal, agem sob uma estrutura “massiva” de participação restrita, na qual a manipulação, o poder econômico e a corrupção, entre tantas, são características fundamentais destas democracias “modernas”. A organização dos partidos, dos sindicatos, dos movimentos populares, enfim da sociedade civil, no capitalismo, caracteriza-se pela imposição do Estado coercitivo, onde a ordem dos interesses dominantes é mantida a qualquer preço; logo, no capital, a democracia tem um significado extremamente pragmático, ou seja, é um emaranhado de leis e normas institucionais com um aparato político complexo dando sustentabilidade à estrutura do modo de produção capitalista dominante.
A filosofia liberal/neoliberal democrática “moderna”, caracterizada por limitações e ambigüidades gritantes que tentam anular de forma sistemática o fortalecimento e as conquistas, mesmo que limitadas, do Estado democrático burguês, pois a tendência essencial do pensamento liberal/neoliberal é fortalecer os interesses privados e reproduzir a vida material e existencial da classe dominante.
A superação desta estrutura liberal/neoliberal democrática é uma exigência que corresponde às necessidades históricas de socialização da política e das relações sociais de produção.
Citando Nelson Coutinho: “... quanto mais o ser social se ‘socializa’ – tanto maior é o ‘recuo das barreiras naturais’, ou, em outras palavras, tanto mais se ampliam as margens da liberdade e da autonomia dos ‘indivíduos sociais’...”.
Mencionando Gramsci: ... “O movimento para criar uma nova civilização, um novo tipo de homem e de cidadão, (...) [implica] a vontade de construir, no invólucro da sociedade política, uma complexa e bem articulada sociedade civil, na qual o indivíduo singular se autogoverne”.
Ari de Oliveira Zenha é economista
Fonte: Caros Amigos
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